Diferentemente da maioria dos livros que tratam sobre o tema, o Reinvente Sua Empresa (Rework) traz uma abordagem diferenciada, focada em pequenas e significativas mudanças. A proposta dos autores Jason Fried e David Hansson, que são sócios da empresa de software 37 Signals, foram aplicadas com êxito na sua companhia.
A obra traz reflexões sobre como deve ser uma gestão de sucesso no século XXI. Num momento como esse, de mudanças profundas no mercado, os empreendedores ressaltam a importância da mudança de perspectivas. Os paradigmas e regras utilizadas por empresas tradicionais estão obsoletos nos dias de hoje. É urgente a criação de novos enfoques de administração para que as empresas se adaptem ao novo cenário.
Simplicidade
O método de Jason e David mostra-se simples e elementar logo no início do livro, e não apenas porque eles demonstram a necessidade de uma teoria de administração enxuta; própria demonstração das suas ideias no livro é concisa. A obra foi escrita em tópicos curtos, que facilitam a leitura e o entendimento.
Os autores se esforçam para demonstrar que a tarefa elementar do gestor é diminuir os problemas e melhorar os produtos. As práticas dispostas ao longo das páginas fizeram com que a 37 Signals se tornasse uma das empresas mais reconhecidas no mundo na sua área de atuação. O livro se tornou um fenômeno de vendas por colocar à prova todas as tradicionais abordagens dos negócios.
Desmistificações
Os autores discutem a ideia – que se tornou um clichê – de que os erros são fundamentais para o sucesso. Quanto a isso, eles mesmos não discordam. No entanto, eles apontam para o fato de que ser fundamental é diferente de ser um requisito. Em outras palavras, não é porque você erra que você será, necessariamente, um profissional de sucesso.
Os erros, dizem os autores, servem basicamente para mostrar o que não deve ser feito. Mas não repeti-los só depende de nós mesmos. Além disso, os erros não mostram o que deve ser feito, apenas o que não deve.
Outra desmitificação feita por eles é no que diz respeito ao planejamento. David e Jason demonstram como é difícil cumpri-lo à risca quando ele é feito para longo prazo. Como a conclusão está distante, as circunstâncias que aparecem no dia a dia deixam o projeto fora do controle.
No ambiente de trabalho
David e Jason dizem que é preciso mudar também a visão otimista que se tem de alguém que trabalha demais. O “workaholic” acaba tirando os colegas do foco, pois eles passam a achar que não estão sendo produtivos o suficiente. Por se sentirem culpados, o desânimo afeta o ambiente. Para os autores, o herói não é o viciado em trabalho, e sim quem encontrou maneiras de terminar tudo no fim do expediente.
A produção
Uma forma de entender a qualidade do que você está fazendo é pensar no valor da marca. Uma organização precisa da motivação de todos para criar seu valor. Descubra se está fazendo o certo ao se perguntar: se a empresa acabasse hoje, as pessoas sentiram falta dela?
Limpe o ambiente de trabalho descartando toda a papelada que foi acumulada e não serve para nada. Isso só faz todos perderem tempo. A interrupção é outro fator que afeta a produtividade. Os autores demonstram isso com o fato de que somos mais produtivos de manhã e à noite. Eles recomendam fazer o possível para não ser interrompido.
Tenha certeza que todos os funcionários estão sendo produtivos, e que estão trabalhando mesmo. Crie medidas para não delegarem tarefas. Quando há um projeto longo, é ideal desmembrá-lo em vários pedaços menores. Os pequenos projetos são mais fáceis de atingir e mantêm a equipe motivada. Ao fim de cada parte, comemore com o pessoal.
A cultura empresarial não é festa, confraternização, e muito menos lazer. É ação. Portanto, não adianta tentar criar uma cultura artificialmente, pois ela nasce sozinha da rotina e das ideias por trás da empresa. É preciso esperar o tempo necessário para ela se desenvolver.
Isso não significa que você não deve melhorar o ambiente. Ele influencia diretamente na qualidade do que é produzido. Limpe sua empresa de burocracias engessadas, métodos arcaicos de gestão e diretrizes medíocres.
Direção da empresa
Para caminharmos para frente, é indispensável a motivação. Se nós relaxarmos, nossa mente começa a dar desculpas para não prosseguir. Como o momento ideal jamais vai chegar, é preciso fazer o que deve ser feito com o que temos à disposição.
É essencial ter objetivos claros. Para que você luta? Se você não sabe, poderá aceitar qualquer argumento. Mas se tem metas claras, não haverá discussão, pois tudo será adaptado ou descartado do seu caminho ao objetivo.
Outro ponto importante a esse respeito é a incorporação dos valores. Não adianta estabelecê-los junto com uma missão apenas para pendurar uma placa na parede. A organização deve agir daquela forma. Do contrário, estará sendo hipócrita. Isso diferencia mais empresas boas de ruins do que a qualidade técnica.
O empresário deve jogar fora a ideia de que desistir é sinônimo de fracasso. Na verdade, é aumentar as esperanças para o próximo passo. Os autores também enfatizam aspectos pessoais como essenciais à direção do negócio. O sono, por exemplo, é importante para o bom desempenho profissional.
Não fique criando regras demais. Elas são como leis, e devem ser criadas quando erros se repetem em demasia. E, por fim, saiba tratar os funcionários como adultos. Se os trata como crianças, obterá um trabalho de criança. Eles mesmos deixarão de pensar no que estão fazendo.
Problemas
Os autores apontam para falhas estruturais que têm destruído startups. Os fundadores fracassaram porque não acharam as soluções adequadas. O problema está muitas vezes em se ver como um empreendedor. Mas o ponto principal é criar e vender algo que você mesmo quer utilizar.
A opinião sobre as startups também é controversa. Os autores recomendam: se for para abrir uma empresa sem saber como irá ter as primeiras receitas, nem abra. Ou você cria uma empresa, ou um hobby.
Produto ou serviço
Se você quer ter um produto ou serviço excelente, descarte tudo o que é bom. Não há outra forma. Como ninguém pode ser excelente em muitas coisas ao mesmo tempo, utilize só aquilo que você sabe que é excelente. Deve-se descartar também o que não está funcionando. Não adianta tentar melhorar. Cortar de uma vez poupa esforço.
Ao produzir, você acaba criando subprodutos que não utiliza. Jason e David recomenda que você os venda. Se uma madeireira manter toda a serragem obtida na produção, terá contratempos, mas se vender, terá lucro.
Concorrência
É preciso ser original em tudo o que faz, porque ser influenciado é diferente de ser um imitador. Quem imita nunca lidera, e esse ensinamento é importante para ganhar da concorrência.
Além disso, devemos olhar para nossa empresa ao invés de nos preocuparmos com o que é feito nos concorrentes. Isso poupa tempo que pode ser investido no aprimoramento do seu negócio. Evidentemente, isso não significa que você se absterá de ter uma opinião sobre seus concorrentes. Se você acha o produto deles ruim, por exemplo, pode falar.
Público e clientes
Faça o que tiver à disposição para formar um público fiel. Se você o conquistar, gastará menos com propaganda, pois ele mesmo a fará para você. Mas saiba dizer não para os clientes. Não tenha medo de rejeitar alguma proposta. Querer agradar é um dos piores defeitos que você pode ter.
Uma forma de criar vínculo com os clientes, segundo os autores, é mostrar sua empresa. Convide-os para ir até ela para descobrir como tudo funciona. Outra tática é oferecer uma amostra grátis do seu produto. Se você confia nele, sabe que as pessoas vão gastar dinheiro com o seu produto. Eles até se sentirão obrigados a isso. Além disso, você passa a imagem de alguém que realmente se importa com a qualidade do que produz.
Contratação
A contratação deve ser feita apenas quando for extremamente necessário, se você encontrar um profissional que contribuirá para seu negócio. Ela não pode ser um prazer, quando muito uma dor. Quando se contrata um funcionário mesmo sem ele ter o que fazer, cria-se trabalho artificial para compensar a contratação. E isso traz mais problemas do que vantagens, principalmente com custo (ainda mais no Brasil).
Se você perceber que há trabalho acumulado e a produção perdeu em qualidade, essa é a hora de arranjar novo funcionário. Mas antes, tente descobrir se você mesmo não é capaz de realizar a tarefa.
Na hora da entrevista, lembre-se que a experiência não é tudo, pois o que importa é a qualidade. Alguém com 6 meses de trabalho pode ser superior a alguém com 6 anos, pois é mais predisposto à função. Você deve escolher pessoas capazes de administrarem a si mesmos, pois isso poupará seu tempo. Bons funcionários fazem a própria rotina, criam metas, etc.
Além disso, avalie a comunicação. Nem sempre alguém que fala como profissional é um bom profissional. As ações podem ser completamente diferentes. Se estiver em dúvida sobre dois candidatos, sempre valorize o que escreve melhor. Isso significa que ele sabe se comunicar melhor e que tem ideias claras.
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