Muitos empresários têm dúvidas sobre os benefícios que a exportação de mercadorias pode trazer para as suas empresas. Fazer negócios com o exterior e vender seus produtos para fora do território nacional é uma ótima oportunidade de fazer negócios excelentes para sua empresa. Antes de começar a fazer comércio exterior, é importante sempre levar em conta alguns fatores que interferem diretamente sobre seus negócios com compradores internacionais. Já deseja saber como exportar seus produtos?
Neste artigo iremos apresentar quais são estes fatores, agentes, conceitos e contextos que podem influenciar sobre suas exportações.
Oferta, demanda e a precificação de seus produtos no mercado internacional
O preço dos produtos, em quaisquer circunstâncias, funciona sob as regras do mercado. Por mais que haja regulamentação e intervenção estatal, qualquer mercado precifica suas mercadorias e serviços através da relação entre oferta e demanda, um dos princípios básicos da economia.
Desta forma, estas duas variáveis têm uma relação direta com o preço. Se temos mais oferta que demanda, o preço dos produtos e serviços cai. Se a demanda pelas mercadorias é maior, o preço sobe.
Mas por que isso acontece?
Imagina as duas situações hipotéticas seguintes. Um produtor fabrica um determinado produto e o vende por um preço X. Estamos considerando que este produto é um bem fundamental, e as pessoas o compram muito (alta demanda).
Como o objetivo do produtor é lucrar com a venda de seus produtos, ele percebe que, se aumentar o preço de sua mercadoria, ela continuará sendo vendida. Como não se altera o valor que ele gastou para produzi-lo, o lucro é maior.
Este mesmo produtor, com este mesmo produto, continuou aumentando o preço até que ele notou que as vendas começaram a cair (baixa demanda), pois os clientes passaram a não consumi-lo mais ou substituí-lo por outra mercadoria semelhante.
Os produtos começaram a encalhar nas prateleiras e atingir a data de vencimento, perdendo completamente seu valor e dando prejuízo. Para não perder o dinheiro que investiu ao produzi-lo, o fabricante abaixa o preço de sua mercadoria para aumentar novamente a demanda.
E nesse vai e vem de oferta e demanda para produtos e serviços, o mercado vai funcionando. A nível internacional, isso acontece da mesma forma. Os produtos são vendidos conforme sua demanda e sua oferta, e o comércio exterior se tornou quase onipresente no planeta, que vive um contexto de globalização.
Isso modificou completamente a forma como as pessoas negociam, e alguns países do mundo se especializaram na produção e venda de alguns produtos, ao passo que são grandes consumidores de outras mercadorias.
E como vender no exterior?
Para que sua empresa consiga vender no exterior, é importantíssimo que ela produza ou comercialize uma mercadoria que tenha valor e demanda a nível internacional.
Ela só conseguirá negociar se o objeto do comércio for um bem que possa ser exportado e ainda ter utilidade para as pessoas, independente de suas nacionalidades – variações culturais são responsáveis pelo consumo ou não de determinados produtos. Leve sempre isso em conta!
Se for constatada a oportunidade de fazer um negócio internacional, não tenha dúvida: exporte! Sua empresa pode ganhar muito com isso e fazer grandes negócios. Mas não deixe de agir com cautela e considerar todos os fatores relevantes desta negociação para não correr riscos maiores de levar prejuízo ou ser afetado por externalidades que podem fazer mal aos negócios.
Nos próximos tópicos comentaremos acerca de alguns destes fatores internos, externos e como posicionar sua empresa e se preparar para exportar com confiança e bons resultados.
O processo de exportação de mercadorias envolve algumas etapas que citaremos agora, mas que serão explicadas adiante. Primeiramente, analise sua empresa e seu produto. Exportar também envolve investimentos, e é sempre bom consultar o caixa para ver se os negócios são viáveis.
Depois, faça todos os cadastros e cumpra com as obrigações burocráticas do Estado. Negocie à vontade com seus clientes internacionais, sempre buscando os melhores valores de venda e as maiores quantidades, e, por fim, basta se preocupar com o adequado transporte da carga.
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Políticas cambiais: por que elas são importantes?
Os países possuem moedas diferentes, cada uma com um valor, de acordo com as condições econômicas, financeiras e as políticas monetárias de cada mercado.
Para exportar e fazer negociações internacionais, você não poderá transacionar os valores em real, e dificilmente terá interesse em receber pagamento na moeda do país de destino da mercadoria (exceto se for os Estados Unidos).
A moeda mais utilizada para transações em comércio exterior é o dólar americano. No Brasil, em 2020, o Dólar tem girado entre R$ 5,00 e R$ 5,80, com valores modificados todos os dias de acordo com o câmbio e com o mercado de moeda estrangeira.
Portanto, ao exportar, você receberá os valores de sua transação em dólar. Mas que fatores interferem sobre o valor do dólar em relação ao real? Dois fatores, principalmente. O primeiro deles é o próprio mercado de compra e venda de moeda, que abre todos os dias úteis em horário comercial.
Como funciona o mercado de compra e venda de moedas?
Como qualquer mercado, o mercado de moedas também é definido pela oferta e pela procura deste produto que, basicamente, são Dólares. Da mesma forma, se a demanda por moeda aumenta muito, o Dólar sobe. Se muita gente está vendendo seus Dólares, ele cai de valor, o que equivale à valorização do Real.
Se o Dólar fica muito caro, não é bom para o país, pois se torna mais caro importar, e nosso país depende de muitos produtos importados que, automaticamente, ficarão mais caros também. Por outro lado, se o Dólar fica muito barato, o Brasil passa a importar muito e enfraquecer o mercado interno.
Para evitar estes dois extremos, entra em cena o segundo agente que interfere no preço do Dólar: o Banco Central do Brasil. O BC tem uma reserva em moeda estrangeira que é utilizada para regular o preço da moeda americana, injetando e retirando Dólares da economia sempre que julgar necessário.
Em períodos de muita importação, um grande número de agentes está comprando Dólares para poder fazer seus negócios e comprar do exterior, o que deixa a moeda americana extremamente valorizada. Se possível, faça as sua exportações neste mesmo período! Receber em Dólar com a moeda estrangeira valorizada significa receber mais dinheiro!
Lembre-se ainda que, sempre que for comprar ou vender Dólares, além do próprio preço de comércio da moeda, existem taxas de câmbio que as instituições financeiras – as Dealers – cobram dos comerciantes.
Como conquistar clientes no exterior?
Existem várias formas de se conquistar. Ao longo do ano, existem diversos eventos sobre comércio exterior que acontecem em todo o Brasil. Eles podem ser promovidos tanto por instituições estatais como também por empresas interessadas na importação e na exportação de mercadorias por empresas brasileiras.
Em todos estes eventos, representantes de clientes de empresas estrangeiras marcam presença em busca de oportunidades de negócios. Para as empresas brasileiras que têm intenção de vender seus produtos para clientes estrangeiros, participar destes eventos pode ser uma ótima oportunidade para crescer e construir uma sólida base de importadores.
Pesquise sobre os diversos mercados estrangeiros e as condições para negociar com cada um deles. Lembre-se que o Brasil possui um acordo de livre circulação de mercadorias com os demais países do Mercosul. Este comércio com facilidades aduaneiras pode ser uma boa opção para maximizar os lucros e facilitar negociações. No entanto, os mercados da América do Sul não possuem tanto volume como os dos Estados Unidos, Europa, China e os demais Brics, portanto, fique atento.
Bons países para negociar
O governo americano toma algumas medidas protecionistas para evitar que produtos estrangeiros tomem a economia do país e prejudiquem o comércio local. Por isso, esteja preparado para enfrentar taxas de alfândega quando seus produtos ultrapassarem a fronteira. Por mais que quem pague por estes tributos seja o importador, esse valor é repassado também à compra.
O mercado europeu é um pouco mais amigável do que o americano, pois a União Europeia depende de produtos brasileiros, como commodities, por exemplo, mas outros produtos também podem se valer dessas oportunidades, deixando um ambiente mais aberto para altos ganhos e grandes parcerias comerciais.
A União Europeia negocia com o Mercosul um acordo de facilitação para importações e exportações que pode estar perto de se consolidar. O que vai deixar esses negócios ainda mais atrativos para você, exportador.
A Ásia, principalmente China e Índia, são mercados gigantescos para se negociar, e fazem parte do BRICS, o bloco de países emergentes composto por Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul. Negociar com estes países também pode ter grandes facilidades e altos rendimentos, fazendo com que sua exportação de mercadorias se torne muito mais lucrativa.
As técnicas que citamos anteriormente são adotadas para grandes empresas, que podem contar com consultorias especializadas. Mas se sua empresa apresenta um orçamento mais reduzido, também é possível fazer ótimas parcerias para se vender para o exterior.
Como o governo pode ajudar
O Estado Brasileiro – Ministério da Indústria e Comércio – possui algumas plataformas online que ajudam a aproximar o exportador brasileiro do importador em todo o planeta. Uma delas é o Brazil Export, que mostra dados econômicos sobre mercados aos quais o empresário possa se interessar.
Além deste, também existe o Radar Comercial, uma ferramenta desenvolvida pela Secretaria de Comércio Exterior. Através destas ferramentas, também é possível encontrar fornecedores, que podem oferecer as matérias-primas necessárias para a fabricação de seus produtos finais.
Muitos vendedores já têm adotado a estratégia de importar matérias-primas em compras por atacado do mercado chinês, revendendo o produto final de volta ao país asiático com um valor agregado muito maior. O Sebrae também pode orientar as empresas pequenas e médias sobre como começar a exportar para mercados internacionais.
Como uma pequena empresa pode fazer a exportação de mercadorias
Mesmo que sua empresa não seja grande, ela também pode vender para o exterior – e existem várias formas de fazer isso. Mas, é necessário passar por algumas etapas antes de começar o processo. Elas envolvem tanto partes internas, relativas à empresa, quanto burocracias de governo.
Antes de tudo, é importante adequar sua empresa e seus produtos para o mercado nacional. É sempre bom lembrar que os produtos mais demandados sempre se alteram ao longo do tempo, fazendo com que este processo de análise e estudos de mercado seja constante. Avalie também se a concorrência interna ao seu produto terá competitividade para barrar suas vendas.
Após todos os estudos e avaliações, sua empresa precisa estar devidamente regulamentada para atuar no comércio exterior. Só assim ela poderá pagar todos os tributos, lidar com os câmbios e fazer todos os trâmites necessários para conseguir negociar. Escolha um contador capacitado para realizar o preenchimento dos documentos e fazer o encaminhamento à receita federal e aos órgãos responsáveis.
Lembre-se que, antes de se preocupar com a exportação de mercadorias, sua empresa precisa estar devidamente matriculada nos instrumentos de fiscalização da legislação brasileira. Estes órgãos são: Receita Federal (CNPJ), Inscrição Estadual, Alvará Municipal, matrícula na entidade sindical patronal, cadastro no FGTS, Vigilância Sanitária, Corpo de Bombeiros militar e demais requisitos.
As empresas que pretendem atuar com exportação e importação precisam estar inscritas no Registro de Exportadores e Importadores (REI), para que consigam realizar suas operações. Mas o empreendedor não precisa se preocupar muito com isso, pois a inscrição no sistema é automática na Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) quando é feita a primeira operação de exportação (Registro de Exportação – RE) em qualquer um dos pontos que ligados ao Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex).
Isenções tributárias para produtos e empresas exportadoras
Para facilitar as exportações para qualquer destino, o Governo Brasileiro instituiu algumas isenções tributárias para produtos destinados à exportação e as empresas responsáveis por estes negócios internacionais.
Um dos incentivos mais importantes à exportação é a isenção do ICMS. O Imposto Sobre Circulação de Bens e Serviços incide sobre as operações de venda realizadas no território brasileiro, de caráter estadual. No entanto, quando o comerciante decide exportar, não paga este imposto nas operações de exportação de mercadorias que realiza, de acordo com o Artigo 155 da Constituição Federal.
Estão imunes à tributação por ICMS os produtos industrializados, os semi elaborados e os primários – basicamente, quase tudo o que se exporta no comércio exterior brasileiro está compreendido dentro destas três características.
O exportador pode ainda solicitar a reposição do ICMS pago nas operações de aquisição de bens e serviços necessários para a industrialização ou a comunicação empregadas em produtos destinados à importação.
Os produtos fabricados para o comércio exterior também são isentos de pagar o Imposto sobre Produtos Industrializados nas operações de exportação de mercadorias, de acordo com o Artigo 153 da Constituição Federal – esta norma se aplica a todos os produtos industrializados, seja de origem nacional ou estrangeira.
Da mesma forma que o ICMS, o estabelecimento produtor ou vendedor pode solicitar à Receita a devolução do IPI que pagou na aquisição dos insumos necessários para a produção do bem exportado. Pode obter ainda crédito presumido de PIS e Cofins para produtos industrializados de alíquota zero ou nas vendas para empresa exportadora.
Exportações e os impostos
As exportações também são isentas pelo Governo de contribuir com o Programa de Integração Social (PIS), nos termos da Medida Provisória 2.158-35 de 2001, tanto para as categorias de PIS comum, como para PIS cumulativo.
Da mesma forma, as exportações não têm que contribuir para a Contribuição de Financiamento para a Seguridade Social (Cofins), que compreende tanto os bens exportados, como as empresas responsáveis pela exportação de mercadorias, sejam elas cooperativas ou empresas de quaisquer tipos de capital, de acordo com a Lei Complementar 70 de 1990. Funciona também para o Cofins Cumulativo.
No caso de exportação de serviços, o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) também não incide sobre serviços que sejam realizados com o fim de exportação, de acordo com a Lei Complementar 116 de 2003, aplicadas a qualquer serviço exportado.
Nos tributos em que o contribuinte consegue reaver os impostos já pagos na aquisição de insumos para a produção de mercadorias e serviços destinados à exportação, rege o sistema de Drawback Aduaneiro.
Exportar é um bom negócio?
É um ótimo negócio! Agora você já conhece mais ou menos como é a realidade, as dificuldades, mas principalmente, as grandes oportunidades que as empresas exportadoras possuem no Brasil.
O Dólar valorizado, as facilidades tributárias e o grande mercado internacional com boa demanda para produtos brasileiros podem ser muito bem aproveitados por empresas grandes e pequenas que buscam, literalmente, expandir seus horizontes e ampliar seus negócios para além dos limites do território brasileiro.
Por mais que haja alguma burocracia, a nível de Brasil, os exportadores têm muito mais facilidade para negociar e transacionar do que outros setores igualmente importantes da economia.
Mesmo que sua empresa seja pequena ou iniciante no setor, não há porque temer. Invista no comércio exterior e nas exportações. Seus negócios podem ser privilegiados e os resultados tendem a ser excepcionais para o seu empreendimento.
Com estudos, planejamento e boas habilidades de barganha, sua empresa certamente conseguirá ótimos negócios com compradores de todo o mundo. Exportar é um bom negócio! Confira no vídeo abaixo 5 dicas para você começar a exportar em sua empresa:
Muito bom